Algures entre o Inferno e o Céu
In: Medievalista, Jg. 5 (2022-12-01)
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Emergindo na confluência do mito e da ideologia, Merlim surge inquestionavelmente como uma das figuras mais persistentes e enigmáticas do imaginário ocidental: daí o seu imenso magnetismo e poder de significação; daí, também, a sua resistência à interpretação. Não é fácil seguir os rastos desta personagem que é, simultânea e alternadamente, rei e louco, velho e eterna criança, homem selvagem e profeta, anjo e demónio, poeta e cronista, emblema do excesso de sentido e do vazio fundador das origens, ao longo de uma tradição literária vasta e complexa, já que a essência de Merlim reside precisamente na anamorfose e na transfiguração que conduzem a uma constante reconfiguração da sua identidade poética, simbólica e ideológica. Enquanto desafio à própria representação, poderá Merlim e o seu corpo-palimpsesto tornar-se emblema dos paradoxos e mutações inerentes à escrita medieval entre os séculos XII e XIII e metaforizar o devir da ficção arturiana que, algures entre o Inferno e o Céu, continua incessantemente em busca do seu lugar no universo?
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Algures entre o Inferno e o Céu
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Autor/in / Beteiligte Person: | Carlos Clamote Carreto |
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Zeitschrift: | Medievalista, Jg. 5 (2022-12-01) |
Veröffentlichung: | Instituto de Estudos Medievais, 2022 |
Medientyp: | academicJournal |
ISSN: | 1646-740X (print) |
DOI: | 10.4000/medievalista.6378 |
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